28 de fev. de 2008

Tropeços

Segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008, acompanhei uma entrevista do Prefeito Municipal, na Rádio Camaquense, que me deixou bastante preocupado.

Preliminarmente, registro que tenho usado os espaços que se oportunizam nos meios de comunicação, prioritariamente, alertando a respeito das dificuldades econômicas do nosso município e defendendo a necessidade de estabelecer um projeto que ofereça uma perspectiva de retomada do crescimento econômico, inadiável, para, por omissão, acabar por contribuir e ser cúmplice do atraso, da estagnação.

Algumas vezes, é verdade, torna-se imperativo tecer críticas pontuais a esta ou aquela ação pública que considero equivocada, segundo a minha ótica, a minha sensibilidade. Como geralmente se tratam de matérias de interpretação, fica o espaço para o debate. Surgem opiniões diferentes, o que é salutar e contribui para que as pessoas possam ter mais subsídios para formar juízo sobre os referidos fatos ou versões. Hoje, estamos frente a uma destas situações que enseja a denúncia.

Causa mister e é motivo de séria reflexão a referida e longa entrevista onde o prefeito declara, dentre tantas outras afirmações aflitivas, objetivamente: “ ... teremos uma reunião com a Metrovias e a CEEE para definir a questão do Pórtico na entrada da cidade, que, lamentavelmente, isso vem se arrastando a bastante tempo. Isto é um transtorno, é um desgaste, mas acontece. Eu acho que houve alguns equívocos no início e não se obedeceu, não se fez, realmente, um levantamento necessário para a construção deste Pórtico e hoje está nos trazendo alguns desgastes, algumas críticas, e elas, muitas vezes, bem fundamentadas, em função da demora, da necessidade de fazer o investimento deste valor. Mas as coisas foram acontecendo. Foi uma decisão não exclusiva do Prefeito e sim do governo...”.

Tal afirmação é uma confissão de culpa. Reconhece o desgaste, as críticas, mas isto, nem de longe, é o bastante. É imperativo assumir a responsabilidade com o mau uso dos recursos públicos. Naquela obra foram investidos recursos provindos dos impostos da população, gerados com o suor dos trabalhadores do campo e da cidade e o investimento dos empresários. O fato do prefeito reconhecer e admitir que não foram realizados os estudos necessários implica em ressarcimento dos gastos indevidos na execução de um projeto mal concebido. E não sou eu que faço tal afirmação e, sim, o prefeito que, aparentemente, não tem bem claro a dimensão do prejuízo causado pela inconseqüência do ato.

Pondera, o prefeito, que foi uma decisão de governo, como se isto diminuísse a sua responsabilidade. Faz lembrar, assim, os gastos da Secretaria da Cultura, até agora, mal explicados, onde colocou a responsabilidade na secretária de então, como se não passasse por ele a decisão sobre a execução do orçamento . Parece preocupado em fazer cessar as críticas e se justifica por ter autorizado a realização de uma obra sem os devidos estudos, pela necessidade de “gastar” o recurso do Governo Federal que seria “carimbado” para tal e já estava na prefeitura há mais tempo. Ora, decide gastar errado para não ter que passar pela vergonha de ter que devolver. O que é pior?

Pensem nisto. Volto na próxima semana trazendo à público outras afirmações igualmente alarmantes e que mostram, sem dúvidas, graves problemas administrativos da atual gestão.
Beto Grill
Pres. Mun. PSB - Camaquã
Coordenador da Bancada do PSB/AL/RS

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