13 de mar. de 2008

Poderia ser melhor

Neste domingo, 9, participei da festa de abertura da colheita do arroz no Banhado do Colégio. É sempre uma emoção relembrar a história e ouvir os relatos daqueles que testemunharam a realização deste projeto pioneiro de reforma agrária desenvolvido por Leonel Brizola.

Este ano, o setor primário vive uma expectativa bastante favorável. Aumentam as áreas plantadas, está previsto estabelecer o recorde de grãos colhidos no Brasil. O mercado está aquecido interna e externamente. Diversifica-se com a produção do biodiesel e do álcool combustível. Os setores de fabricação de máquinas agrícolas e a agroindústria se recuperam, oferecendo mais empregos.

Em Camaquã, colhemos bem o fumo, que é importante gerador de ocupação de mão-de-obra, emprego e renda. O arroz está tendo um ótimo desempenho, o que é fundamental, pois representa a viga mestre da economia do município.

O Estado, no conjunto, apresenta números favoráveis, embora existam regiões onde a estiagem vai prejudicar várias lavouras, principalmente de soja, nas regiões central e nordeste.

Sabemos que se trata de uma atividade de risco. Depende das condições climáticas, da incidência de pragas e do câmbio. Apesar disto, tudo indicava um ano bom. Até a dívida de aproximadamente 87 bilhões do setor produtivo está sendo equacionada e tem perspectiva de ser renegociada com prazo de vinte anos para o pagamento.

Só que, quando a esmola é demais, o santo desconfia. Sabemos que os insumos, os defensivos e os adubos foram os eternos vilões, aumentando o custo histórico das lavouras, porque tinham o seu preço anexado ao dólar, que não era acompanhado pelo valor do produto, sempre muito aquém. Agora, o dólar tem caído vertiginosa e continuadamente, e os insumos, inexplicavelmente, continuam encarecendo. O adubo foi majorado em 42% nos últimos doze meses. Como explicar este fenômeno. É, sem dúvidas, a ganância do setor que quer aumentar desmesuradamente os seus lucros. As empresas multinacionais que dominam o mercado estão, oportunisticamente, majorando os preços. É hora do poder público intervir e atuar como regulador, não permitindo este desastre e prejuízo para o produtor rural.

Mas uma desgraça nunca vem sozinha, diz outro ditado popular. Não bastasse a imobilidade dos governos com as questões de câmbio (reconheço as dificuldades) e de enfrentamento com os cartéis das grandes indústrias de defensivos agrícolas, o Governo do Estado procura piorar a situação. Instituiu o decreto 45.412, de dezembro 2007, que estabelece a cobrança de até 12% de imposto, o que pode gerar mais de dois bilhões em ICMS, considerando o valor bruto de produção agrícola e da pecuária. Este desastrado governo gaúcho quer recuperar as finanças do Rio Grande as custas da agricultura, taxando o setor, encarecendo a produção, o que, fatalmente, vai acabar sendo repassado para o consumidor final, ou seja, para o nosso bolso, caro leitor.

Na Assembléia, faz-se um movimento, juntamente com as entidades representativas do setor primário, especialmente da agricultura familiar, buscando impedir que este projeto entre em vigor, o que está previsto para 30 de abril. É indispensável a nossa atenta participação.
Beto Grill
Pres. PSB Municipal
Coord. Bancada PSB/AL/RS

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