8 de mai. de 2008

Tragédia anunciada

Beto Grill - Ex-Deputado Estadual (Pres. Diretório Municial). Publicado na Zero Hora de 08/05/08

Uma semana atípica, do ponto de vista meteorólogico, no sul do país e na Ásia, acende o sinal de alerta e nos leva a uma reflexão oportuna. Desastres climáticos têm sido freqüentes. La Niña, El Niño, furacões, ciclones extratropicais, zonas de convergências, tsunames, ondas gigantes, terremotos, maremotos, aquecimento global, são expressões cada vez mais presentes no nosso vocabulário e representam aflições que já fazem parte do nosso cotidiano.

O exame destes acontecimentos pelo mundo afora evidencia a necessidade de aperfeiçoar os mecanismos de prevenção e enfrentamento destas ocorrências.

De um país como o Mianmar, uma ditadura odiosa e excludente, só podemos esperar uma hecatombe. Em nenhum momento a classe dirigente tem suas ações de governo orientadas pelo interesse do povo. Assim, defrontado com um fato de tal intensidade, só pode se esperar o pior.
Mesmo os EUA, frente a frente com o furacão Katrina, no sul do país, que praticamente destruiu New Orleans, também tiveram imensas dificuldades, e o governo sofreu duras críticas tendo em vista a morosidade e a pouca eficiência das ações de combate à devastadora enchente, a assistência aos flagelados e a reconstrução dos estragos.

Ali em Santa Catarina, em 2004, quando da ocorrência do ciclone, quase furacão, Catarina, tivemos uma amostra bem próxima do que pode representar a fúria da natureza.
Assim, fica o questionamento: o que estamos fazendo para nos preparar para tais eventualidades?

Evitamos que a especulação imobiliária e a falta de fiscalização aloje, cada vez mais, famílias em zonas alagáveis e em encostas de morros íngremes? Impedimos a agressão continuada ao meio ambiente?

Qual o treinamento, quais os equipamentos e o efetivo com que contam as defesas civis do Estado e dos municípios para fazer frente às intempéries?

Se avaliarmos pela resposta sofrível ocorrida frente às enchentes e ao vendaval que assolaram especialmente a grande Porto Alegre e o Litoral Norte, constatamos que corremos um iminente risco de padecer com graves conseqüências no caso de um fenômeno mais intenso. Nesta oportunidade, faltou prevenção, planejamento e, quem sabe, empenho das autoridades. Só se vêem reuniões para montar estratégias, dias depois do ocorrido.

Urge discutir, equacionar e efetuar investimentos e ações concretas no sentido de mobilizar a sociedade, responsabilizar os governos e, de fato, montar uma estrutura de Defesa Civil efetiva, mapeando o Estado, envolvendo os três níveis de poder, para, caso contrário, no futuro, não chorar o leite derramado.

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