17 de jan. de 2008

ANDANDO EM CÍRCULOS

Não entro, ainda, no mérito. Não por omissão. Faltam-me informações para estabelecer um juízo de valor, de formar uma opinião a respeito do fato em si. Logo ali vou analisar a saída da Secretária da Cultura e suas circunstâncias e conseqüências.

Agora, não posso deixar passar em branco a necessidade de fazer um comentário a respeito do que disse o Prefeito Molon, quando, no rádio, tentava explicar o episódio e se justificar. Dizia o Prefeito, criticando a ex-secretária: "Ela pensa que Camaquã é Passo Fundo, Porto Alegre, está gastando muito...". Pois este é o tipo de declaração que expressa em palavras a minha maior preocupação com esta administração: a resignação, o entendimento de que Camaquã é pequena e o fatalismo de que tem que continuar assim. Tal afirmação demonstra um pensamento menor.
Não sei de que forma, com que legalidade e quais as fontes de financiamentos que usou a então secretária para gastar (e a Administração Pública tem que gastar, gastar bem, gastar certo, elegendo prioridades). Este é outro assunto que tem que ser averiguado.

Entretanto, achar ruim alguém pensar em comparar e igualar-se a Passo Fundo e Porto Alegre é inaceitável. Pior ainda quando esta opinião vem do Prefeito Municipal. Camaquã precisa enfrentar desafios maiores. Pensar grande. Assumir sua importância histórica, sua capacidade, sua vocação para a vanguarda, para o desenvolvimento, traçar objetivos arrojados e buscar, com competência, os meios de atingi-los.

Justificar uma troca no Governo com a impossibilidade de aceitar que um agente público tenha o direito de sonhar com um Camaquã maior, que vá buscar soluções, comparações com aqueles que podem contribuir com bons exemplos, é manter uma visão estreita, uma postura de quem prefere andar em círculos, sempre voltando ao mesmo lugar.

A não ser que esta seja apenas a versão oficial. Pano de fundo, cortina de fumaça para encobrir os verdadeiros motivos da saída da secretária.

Causa estranheza o fato de que o Prefeito, aparentemente, não tinha conhecimento do que gastava a Secretária da Cultura, antes da despesa ser realizada. O que pode estar acontecendo? Falta de planejamento? Ações desenvolvidas de improviso, sem o devido debate prévio? Falta de informação do Prefeito, que autorizou os eventos, segundo ele, muito caros, sem saber previamente o custo dos mesmos? Deficiência do Controle Interno que não se preveniu de eventuais distorções? Crise de autoridade? Estes aspectos merecem maiores detalhamentos. Mas não é o objeto da atual análise.

Insisto, o mais grave neste episódio ainda nebuloso é, sem dúvida, a demonstração de conformidade. A aceitação da mesmice, da mediocridade. Pelo contrário, é indispensável ousar. Apostar no planejamento, na modernidade, no controle. Buscar fontes de financiamento alternativas (e elas existem), fora dos recursos públicos municipais, sempre que for necessário. Estabelecer parcerias e oferecer ao povo, com responsabilidade, sempre mais, sempre o melhor.

Beto Grill
Pres. PSB Camaquã

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