31 de jan. de 2008

JULIÃO – QUEM SAI AOS SEUS NÃO DEGENERA

Na Zero Hora de domingo, 27/01, foi publicada extensa matéria, às paginas 35,36 e 37, que é a primeira de uma série de reportagens intitulada Caminhos Cruzados e que mostra a vida de amigos de infância, que cresceram juntos e que, caprichosamente, tomaram rumos diversos, um optando pelo caminho do bem, outro trilhando a rota do crime.


Pois este primeiro capítulo mostra um drama camaquense e está estampado como manchete principal, com grandes fotos, na capa do jornal. Trata-se do relato da vida de dois amigos de infância, companheiros de time de futebol do bairro Bom Sucesso, que em um determinado momento foram separados por opções que fizeram. Um cumpridor da lei, o outro sucumbiu ao falso canto da sereia dos tóxicos e enveredou pelo caminho do crime. Queira Deus que o Paulo Renato vença a luta contra as drogas, reencontre a paz e a “estabilidade” que busca. Tenha a certeza de que a vida não é, necessariamente, assim. Pode ser diferente.


O que chama a atenção e é digno de todas as referências e publicidade possível, por ser um exemplo a ser seguido, é a vida do José Júlio Rodrigues, o Julião, como é sobejamente conhecido em Camaquã.


Evidente que a trajetória de cada ser humano vai se delineando por um conjunto de fatores e intercorrências que não permitem uma análise linear do destino de cada um, sem examinar as circunstâncias, os percalços, as alternativas que contribuíram para as decisões tomadas em cada encruzilhada da vida.


Agora, lendo a reportagem e conhecendo o Julião como eu conheço, alguns registros são balizadores e mostram porque o resultado foi positivo no seu caso.A começar pela criação, pela família. O exemplo dos pais. Honestos, retilíneos. Mas só o bom exemplo não basta. Tem que haver o amor, o carinho, mas deve existir a cobrança, o limite. No caso do seu Batista e da dona Zoraida o limite era estabelecido pelo rebenque ou pela varinha de marmelo. Eram outros tempos. Tanto o Julião como eu lembramos das tundas memoráveis que sofremos para nos mantermos nos eixos. Hoje, esta relação se faz de maneira diferente, com mais diálogo, sem a necessidade do castigo físico. Mas estabelecer regras e cobrar obediências é imprescindível. Tanto quanto o amor, a proteção, o aconchego, tem que haver o exemplo, o limite, a presença vigilante e preventiva dos pais.


Pais que bebem, fumam, usam drogas, contam vantagens ou arquitetam falcatruas perto dos filhos, o que podem esperar destas crianças? Que reproduzam o que testemunham em casa. Por outro lado, se, mesmo que em casa tenham boas referências, estão sempre na rua, em más companhias, e os pais não se importam, a chance de dar errado é muito grande.


Portanto, a família é pedra angular no destino de cada ser humano, embora o Estado tenha igual responsabilidade, gerando empregos dignos, oferecendo uma escola de qualidade e uma estrutura que permita assistência social e lazer a todos indistintamente. Não só “pobre que tem que se dar o respeito” como diz a dona Zoraida, como, principalmente, tem que ser respeitado.


Pois o Julião foi bem criado e assim incorporou as prerrogativas assenciais para fazer as escolhas certas. Pai de família correto, trabalhador, honesto, líder comunitário, esportista e amigo. Ao companheiro socialista Julião, muito obrigado por existires e ser o que tu és. Um exemplo para os meus filhos e para todos que convivem contigo. Que bom ser teu amigo.

Nenhum comentário: