8 de jan. de 2008

Com o fim da CPMF, os preços vão baixar?

Por: Heitor Schuch*
Publicado Correio do Povo de 08/01/08

Data: 27/12/2007 - Hora: 14:50
Pela lógica, a partir do dia 1º de janeiro de 2008, com o fim da CPMF, todos os preços deveriam ser reduzidos em no mínimo 0,38%. Ou em pelo menos 2%, já que os estudiosos e defensores do fim do imposto alegavam que a mesmo impactava de 2% a 5% no preço final dos produtos e serviços.
O principal argumento utilizado para contestar a contribuição é de que ela encarece os produtos e retira dinheiro das mãos dos brasileiros. Questiona-se: de que brasileiros? O dinheiro arrecadado com a CPMF sendo aplicada no setor de saúde e em programas sociais não beneficia a todos? Quem sai ganhando e quem sai perdendo com o fim da CPMF?
Basta uma leitura mais atenta sobre as notícias veiculadas nos últimos dias para perceber a clara intenção dos setores bancários, empresariais e de serviços de se apropriarem dos valores da contribuição não reduzindo os preços. Nesta mesma leitura percebe-se claramente que a medida é boa para os investidores (especuladores) que terão seus ganhos aumentados. Mas para o trabalhador, para o agricultor familiar, qual é mesmo o ganho com o fim da contribuição?
Posições contraditórias são vistas a todo o momento, o grupo que defende a extinção da CPMF, com o argumento de que prejudica a classe mais pobre e a classe trabalhadora, é o mesmo que combate um reajuste maior no piso salarial estadual, e que vota contra a inclusão no mesmo das categorias mais fragilizadas.
Novamente a classe menos favorecida foi usada como massa de manobra para garantir interesses das classes mais abastadas deste país. Por que outros impostos que têm um impacto brutal sobre o salário, como o Imposto de Renda (IR), não são tão combatidos? Porque eles são passíveis de sonegação. A única contribuição insonegável até então era a CPMF, que além dos valores arrecadados permitia à Receita Federal encontrar e punir milhares de sonegadores que se declaravam isentos do IR, mas que em seus cartões de crédito e contas bancárias movimentavam verdadeiras fortunas.
Cabe aos trabalhadores, em especial os sindicalistas, a partir do dia primeiro de janeiro de 2008 cobrarem a redução nos preços de todos os produtos que forem adquirir, sob pena de prejudicarmos nossas categorias duplamente. Uma pelos preços que não baixaram e outra pela redução no volume de recursos aplicados pelo governo na saúde e nos programas sociais.
Precisamos fiscalizar a forma de arrecadação e aplicação dos recursos públicos, para que estes se revertam em benefício da população e não fiquem no bolso de sonegadores, corruptos e especuladores!
* Deputado estadual

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