29 de set. de 2010

Campanha de Tarso recebe apoio de juristas e vítimas da ditadura

A candidatura de Tarso Genro ao governo do Rio Grande do Sul recebeu nesta terça-feira o apoio de vítimas de perseguição durante o regime militar e renomados juristas brasileiros.

Pessoas como João Vicente Goulart, filho do ex-presidente João Goulart, familiares de Paulo Freire, Carlos Marighella e Glauber Rocha, e o dramaturgo José Celso Martinez Corrêa assinam a carta onde exaltam o trabalho de Tarso no governo Lula e, em especial, no Ministério da Justiça. “Um homem que cuida dos direitos humanos com tanto carinho é o homem que cuidará efetivamente das aspirações do seu Estado natal”.
Já os juristas, em seu manifesto, afirmam estarem “convictos” de que eleger Tarso governador é “um gesto de sabedoria e de costumeira vanguarda do admirado povo gaúcho”.

Confira os dois documentos e seus signatários:

Manifesto de Juristas do Brasil para o Povo Gaúcho


Em favor da eleição de Tarso Genro governador

Em uma nação onde a democracia é uma jovem conquista e as instituições republicanas ainda vivem sua fase de consolidação e aperfeiçoamento, torna-se indispensável a presença de homens públicos comprometidos com as pautas do Estado de Direito nos principais postos dirigentes da nação.

Na prefeitura de Porto Alegre, no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, no Ministério da Educação, na Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da república e no Ministério da Justiça Tarso Genro comprovou, por meio de medidas concretas, o quão é factível a construção de políticas públicas e relações de governo em profunda aliança com os princípios democráticos, da participação popular, da igualdade, da liberdade, da justiça social, da ética e da cidadania.

1. Tarso trabalhou para tornar o princípio da igualdade uma realidade: com programas como o PROUNI, o Brasil passou a oferecer igualdade de oportunidades a todos os brasileiros, ricos ou pobres, que pretendam acessar o ensino superior.

2. Tarso fortaleceu a democracia participativa: ao fomentar a atuação direta da sociedade em mecanismos públicos de tomada de decisão, como a conferência nacional de segurança pública ou como o orçamento participativo.

3. Tarso lutou pelos direitos das minorias: com a garantia da manutenção da demarcação da reserva Raposa/Serra do Sol avançou-se na defesa dos direitos dos povos indígenas, historicamente relegados no Brasil; por sua vez, a nova lei sobre imigrantes permitiu regularizar a vida de milhares dos que trabalhavam em situação precária e sem direitos trabalhistas no Brasil.

4. Tarso promoveu a ampliação e garantia dos direitos humanos e fundamentais: com o avanço do processo de reparação às vítimas da ditadura e o repúdio formal ao uso de qualquer técnica de tortura, no passado ou no presente.

5. Tarso revigorou o debate sobre a segurança pública: com o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania, que combinou repressão com prevenção, em prol de um novo paradigma para a questão da segurança que vem sendo implantado em todo o Brasil.

6. Tarso é ético na política: propôs o financiamento público de campanhas, prestigiou a polícia federal para as ações de combate à corrupção em todos os níveis e setores, criou os laboratórios de combate a lavagem de dinheiro e nunca teve o seu nome envolvido em escândalos ou atividades ilícitas.

7. Tarso respeita a pluralidade de valores: dirigiu o processo de concertação entre o setor produtivo e os movimentos sociais como base primordial de reformas propostas pelo governo do presidente Lula.

Por estas razões que sentimo-nos à vontade para apresentar este manifesto ao povo gaúcho. Pois que, desde o Rio Grande do Sul, Tarso poderá cumprir um papel muito relevante para todo o Brasil afinal, desde a perspectiva de um governador, a sua ação política poderá alinhavar modelos para a diminuição das desigualdades sociais e regionais, para a integração criativa entre democracia e direitos humanos, para a constituição de um novo pacto federativo entre os Estados e Municípios e para a superação dos obstáculos que impedem uma reforma tributária que concretize o princípio da capacidade contributiva.

Estamos convictos de que a eleição de Tarso Genro para governador do Rio Grande do Sul é um gesto de sabedoria e de costumeira vanguarda do admirado povo gaúcho. E, certamente, de uma inestimável contribuição para todo o Brasil.

Assinam:

Cezar Britto, ex-presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil

Wadih Damous, Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil/RJ

Fábio Konder Comparato, professor da USP

Dalmo de Abreu Dallari, Professor Emérito da Faculdade de Direito da USP

Boaventura de Sousa Santos, professor da Universidade de Coimbra

Paulo Abrão, Presidente da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça

Roberto Caldas, Juiz ad hoc da Corte Interamericana de Direitos Humanos/OEA

Marcello Lavenère Machado, ex-Presidente Nacional da OAB

Hermann Assis Baeta, ex-Presidente Nacional da OAB

Benedito Calheiros Bomfim, ex-Presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros

Henrique Maués, ex-Presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros

Flávia Piovesan, professora da PUCSP e Procuradora do Estado de São Paulo

João Luiz Duboc Pinaud, ex-Presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros

José Geraldo de Sousa Junior, Reitor da UnB

Sueli Aparecida Bellato, Secretária-geral adjunta da Comissão Brasileira de Justiça e Paz

Carlos Moura, ex-Secretário Executivo da Comissão Brasileira de Justiça e Paz

Modesto da Silveira, advogado de ex-presos políticos

Deisy Ventura, professora da USP

Lênio Streck, professor da Unisinos

José Ribas Vieira, professor UFRJ e PUC-Rio

Gilberto Bercovici, professor da USP

Idibel Pivetta (César Vieira)

Martonio Mont’Alverne Barreto Lima, professor UFC

Jefferson Calaça, Presidente da ABRAT – Associação Brasileira de Advogados Trabalhistas

Nilton Correia, Secretário-Geral da Comissão Nacional de Direitos Sociais da OAB

Cecília Caballeiro Lois, professora da UFSC

Marcelo Cattoni, professor da UFMG

Roberta Camineiro Baggio, professora da UFU

Mário Macieira, Presidente da OAB, Seccional Maranhão

Luiz Salvador, Presidente da Associação Latino-Americana de Advogados Laboralistas

Guilherme Zagallo, Conselheiro Federal da Ordem dos Advogados do Brasil

Mauro De Azevedo Menezes, membro da Comissão de Combate à Corrupção e à Impunidade da OAB Nacional

Uma carta para os brasileiros gaúchos

- pela eleição de Tarso para governador -

Sempre defendemos e acreditamos em um país mais justo para o Brasil e por esta causa, nós e nossos familiares, lutamos de forma intransigente e despreendida ao longo da nossa história recente. Lutamos em favor da igualdade, da liberdade, da emancipação do povo mais humilde, pela inclusão, pela educação, pela justiça social, pelo respeito à humanidade. Sim, sempre acreditamos na utopia!

Lutamos firmes contra a ditadura. Por empreender essa luta, passamos por muitas intempéries na vida. Já enfrentamos a violência ilegítima, a restrição às nossas liberdades, a interrupção de nossos projetos de vida, os traumas, as seqüelas físicas e psicológicas e, muitos de nós, vivemos o luto e a dor pela perda arbitrária da presença, do abraço apertado, do carinho de nossos familiares queridos.

No governo do Presidente Lula vimos a concretização de parte de nossos sonhos. E foi lá que encontramos ou reencontramos Tarso Genro. Como Ministro da Justiça e sem trair sua trajetória e seu compromisso com a esquerda, Tarso soube difundir valores e pautas como a da memória e da anistia, recolocando no cenário público a agenda ainda pendente da transição política.

Foi com seu trabalho de apoio integral à Comissão de Anistia que o Estado brasileiro dignou-se a pedir perdão pelos erros cometidos no passado e passou a repudiar a tortura como um crime de lesa-humanidade, imprescritível e impassível de impunidade. Sabemos que a reparação, a verdade, a justiça e a memória são instrumentos primordiais para se evitar que novas barbáries ocorram contra outros brasileiros no futuro.

Nos momentos mais difíceis, estivemos todos juntos contra o autoritarismo e a ditadura. E sentimos ainda hoje, com a mesma intensidade de ontem, a necessidade de lutar pelo aprofundamento e radicalização da democracia em nosso país.

É preciso ter a coragem de Tarso para fazer a democracia avançar ainda mais. Tendo sido o agente central de alguns dos melhores avanços promovidos pelo governo do Presidente Lula, a coerência política é uma marca da extensa e plural vida pública de Tarso, desde sua atuação como parlamentar e prefeito, até a passagem pelos diversos ministérios que ocupou, mudando a vida e fazendo a diferença para os brasileiros.

Se é verdade que apenas os gaúchos poderão efetivamente votar em Tarso, nós depositamos profunda esperança de que este valoroso povo vai querer testemunhar o que já sabemos: que um homem que cuida dos direitos humanos com tanto carinho é o homem que cuidará efetivamente das aspirações do seu Estado natal, com especial atenção aos que ainda aguardam uma oportunidade de participar e compartilhar da vida digna. Pois ainda resta muito a fazer em todos os cantos do Brasil.

Para nós, parafraseando Eduardo Galeano: “o mundo que necessitamos não é menos real que o mundo que conhecemos e padecemos“.

Assinam esta carta pública:

João Vicente Goulart, filho de João Goulart

Ana Maria Araújo Freire, viúva de Paulo Freire

Lucia Rodrigues Alencar, sobrinha de Frei Tito

Carlos Augusto Marighella, filho de Carlos Marighella

Alexina Lins Crespo de Paula, viúva de Francisco Julião

Paloma Rocha, filha de Glauber Rocha

Maurício Azedo, presidente da Associação Brasileira de Imprensa

José Celso Martinez, diretor teatral

Elizabeth Teixeira, irmã de João Teixeira

Elzira Santa Cruz, mãe de Fernando Santa Cruz

Sonia Maria Haas, irmã de João Carlos Haas Sobrinho

Djalma Oliveira, irmão de Dinalva Oliveira Teixeira

Tânia Roque, viúva de Lincoln Bicalho Roque

Aluízio Palmar

Nilmário Miranda

Hamilton Pereira (Pedro Tierra)

Rose Nogueira, Grupo Tortura Nunca Mais/SP

Diva Santana, irmã de Dinaelza Santana, Grupo Tortura Nunca Mais/BA

Jessie Jane, ex-presa política, professora da UFRJ

Ivan Seixas, Presidente do Conselho Estadual da Defesa da Pessoa Humana/SP

Perly Cipriano, ex-preso político

Carlos Eugênio Paz

Antonio Roberto Spinoza

Idibal Pivetta (Cesar Vieira)

Dulce Maia

Jean Marc Vander Wied

Narciso Pires, Grupo Tortura Nunca Mais/PR

Marcelo Zelic, Grupo Tortura Nunca Mais/SP

Mário Augusto Jakobskind

Eliete Ferrer, Grupo Amigos de 68

Derlei Catarina

Gilney Viana

Modesto da Silveira

Celeste Fon

Edival Cajá

Julio César Senra

Alípio Freire, Ala Vermelha

Leopoldo Paulino

Maurice Politi

Afonso Celso Lana Leite

Vanderlei Caixe

René de Carvalho

Maria Alice Saboya

Maria do Socorro Diógenes

Affonso Henriques Guimarães Correa

Albertina Oliveira Dornellas

Alexina L. Calle de Paula Witt, neta de Francisco Julião, nascida no exílio: Cuba.

Anacleto Julião de Paula Crespo, filho de Francisco Julião

Anáhuac de Paula Gil, neto de Francisco Julião (nascido no exílio: Chile

Anatailde de Paula Crespo, filha de Francisco Julião

Anette de Paula Gil, neta de Francisco Julião, nascida no exílio: Suécia

Anjor Mujica de Paula, neto de Francisco Julião, nascido no exílio

Ari Clemente Leite

Ariel Mujica de Paula neto de Francisco Julião, nascido no exílio: Cuba,

Ayla de Almeida Rocha

Bernardo Karam

Celia Silva Coqueiro

Clelia Gomes de Mello, irmão de Alcero Gomes da Silva,

Colombo Vieira de Souza

Dayse Marques de Souza

Deborah Dornellas Ramos

Delson placido Teixeira

Denise Santana Fon

Geraldo Sardinha

Guilem Rodrigues da Silva

Izaac Pedro Teixeira,filho de João Pedro e Elizabete, exilado em Cuba.

José Adelino Ramos

José Roberto Michelazzo

Lincoln de Abreu Penna

Luiz Carlos de Sousa Santos

Mauro Dias de Macedo.

Nelson Serathiuk

Pedro Alves Filho

Ronald Lobato

Rosalina Santa Cruz Leite

Silvio Renen Ulyssea de Meideiros

Tamarah Dornellas Ramos

Ubiratan Kertzscher

Umberto Trigueiros Lima

Valdemar de Oliveira

Zenaide Machado de Oliveira

Ivan Cavalcanti Proença

Isis Maria Balter Proença

Antonio Tregueiros, UFF

João Sant’Anna

Ana Bursztyn-Miranda

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